A partir deste ano, os alunos do curso de Direito das Faculdades Integradas de Bauru (FIB) poderão contar com a experiência e conhecimento da Dra. Márcia Regina Negrisoli Fernandez na área do Direito Empresarial. Ela é especialista em Direito Civil e mestra em Direito.
Márcia tornou-se a primeira mulher da história da Subseção de Bauru da OAB (criada em 1932) eleita para presidir a entidade.
Na entrevista realizada com a advogada nesta segunda-feira (02/03), ela faz uma avaliação sobre seu primeiro ano à frente da instituição, fala sobre as expectativas em relação à FIB e faz planos para o futuro.
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Selma Miranda: No dia 29 de novembro de 2018, você foi eleita para presidir a subseção Bauru da OAB. Pela primeira vez, uma mulher está no comando da instituição aqui na cidade. Qual é a dimensão disso?
Márcia Negrisoli: Cada vez mais as mulheres estão ocupando os espaços não só no mercado de trabalho, mas também na nossa instituição. As mulheres precisam ter a ciência de que é possível. Temos que colocar nosso nome à disposição, temos que trabalhar pela Ordem, temos que lutar pelas garantias e prerrogativas profissionais. Vejo como um simbolismo o fato de eu estar presidente, porque muitas mulheres olham e dizem que é possível.
SM: Você foi eleita para dirigir a Ordem de 2019 a 2021. Como foi esse primeiro ano de gestão?
Márcia: Foi muito desafiador, sobretudo equilibrar a presidência da OAB, o escritório e a maternidade. Mas com persistência, tranquilidade e perseverança conseguimos tudo. Trabalhamos muito em 2019, oferecendo para a advocacia local e regional atualização profissional de qualidade dentro da Casa da Advocacia e lutando, em todas os espaços da Justiça, pela valorização ao trabalho do advogado e o respeito às prerrogativas profissionais.
SM: Presidenta ou presidente, qual referência prefere?
Márcia: Prefiro Presidenta. É uma forma de reafirmação de que aquele espaço é preenchido por uma mulher. O uso desse termo muitas vezes incomoda, sobretudo porque em geral atrelam a uma ideologia político partidária. Mas não me chateia explicar que na minha decisão de utilização da palavra no feminino, não tem essa conotação. É tão somente uma escolha que reforça o empoderamento feminino.
SM: Qual é a força hoje da mulher advogada, no contexto profissional jurídico?
Márcia: Em termos quantitativos, existe um equilíbrio no numero de homens e mulheres advogados atualmente. A mulher quando escolhe o direito, em especial a advocacia como profissão, tem dentro de si o senso de justiça enraizado, e dentro deste contexto que muitas foram conhecer mais sobre as leis, e com coragem encarar os desafios que a profissão exige, enfrentando os mais diversos ambientes para fazer valer o que é certo e jamais recuam diante de um desafio. Assim é a mulher na sua essência quando ama da maneira mais ampla, tal como a mãe que luta pelos filhos, a mulher advogada sempre com pulso firme luta na busca do direito de todos, muitas vezes se colocando em segundo plano. Mulheres advogadas são grandes batalhadoras.
SM: A partir deste ano, você será uma das docentes do curso de Direito da FIB. Quais as expectativas com relação a isso?
Márcia: Lecionar é uma grande paixão. Leciono desde que finalizei meu mestrado em Direito, no ano de 2009. Durante esse tempo, fora necessárias algumas pausas. Em 2014 quando nasceu a minha filha, e com a rotina já intensa de escritório e OAB, optei por temporariamente ficar afastada da sala de aula. Retornei em 2016, mas em 2018 novamente fiz uma pausa temporária para me preparar para as eleições da OAB.
SM: Qual disciplina irá ministrar na FIB?
Márcia: Vou lecionar a disciplina de Direito Empresarial e estou extremamente feliz e motivada em voltar para a área acadêmica. A troca constante com os alunos é um grande incentivo.
SM: Como advogada, qual sua área de atuação?
Márcia: A empresarial. Meu escritório, Maia Sociedade de Advogado, possui 27 anos de história com ênfase na advocacia empresarial.
SM: Quais seus planos profissionais quando terminar o período à frente da OAB de Bauru?
Márcia: Ainda pretendo voltar aos bancos escolares como aluna novamente, dando continuidade à minha formação para cursar o doutorado em breve.