Por Psic. Prof. Dr. Rinaldo Correr e Dra. Luciana Biem
O médico Rogério Brandão compartilha uma vivência no exercício da oncologia, ao perguntar para uma garotinha o significado de saudade, que lhe responde: "a saudade é o amor que fica!". A resposta daquela criança em um quarto de hospital enfrentando dias difíceis em seu tratamento nos convida refletir um pouco sobre este momento de distanciamento social.
A saudade é companheira diária no cotidiano atual... Saudade da presença física de tantas pessoas queridas, do movimento nas ruas, da liberdade de ir e vir para realizar atividades profissionais, de lazer, esportiva, e, principalmente, somos tomados pela necessidade dessas ausências pelo nosso medo de adoecer.
Emoções como insegurança, medo, desespero, raiva, tristeza são comuns e podem aparecer, de forma aumentada e até mesmo exagerada, quando períodos de crise são experimentados.
Sintomas como insônia, pesadelos, transtornos alimentares, irritabilidade, perda de esperança, aumento do uso de drogas, são possibilidades comuns, portanto faz-se necessário cuidar da saúde física e mental.
Se pensarmos na Saudade como a presença do Amor que permanece, uma ferramenta essencial é convocar a PRESENÇA do AMOR para ser combustível, motivação e companheiro nos dias turbulentos. Inicialmente identificar, reconhecer e compreender as emoções que você experimenta, é um aliado essencial para o enfrentamento. Logo após, é preciso organizar essas emoções, e se permitir encontrar possibilidades de respostas adaptativas.
Dicas valiosas: cuidar da alimentação, higiene do sono (dormir com qualidade); evitar abusos, excessos e compulsões (álcool, medicamentos, cigarro, jogos); adotar rotina, incluir a prática de leituras, filmes, culinária, trabalhos manuais, meditação (mindfulness); compartilhar com familiares e amigos momentos de lazer virtual; aproveitar para conversar sobre como está sendo essa vivência para você; organizar a casa, gavetas, faxinas que ficavam sempre a espera de tempo, são bem-vindas.
Procure experimentar utilizar esse tempo a seu favor, e aproveitar para realizar metas e planejar um futuro próximo. E se o medo aparecer? Dialogar com ele é fundamental. É normal e esperado sentir medo. É uma contribuição adaptativa fisiológica, nos leva a buscar recursos internos de luta e enfrentamento, a acionar memórias antigas de outras situações enfrentadas e superadas, e perceber o quanto de força interior existe.
Num belo poema, Cecília Meireles, nos ensina sobre saudade e desejo... "de longe te hei de amar- da tranquila distância em que o amor é saudade e o desejo, constância.
Pare, respire, acolha e se permita encontrar um lugar mais tranquilo, equilibrado dentro de ti. Peça ajuda, e procure um profissional da saúde (psiquiatra/psicólogo) no caso de sintomas permanecerem recorrentes, e sozinho (a) não esteja conseguindo lidar com a situação.