Estamos em tempo de recolhimento. Este tempo pode ser vivido de diversas formas e inclinar as pessoas a diferentes estados de espírito.
A reclusão e a limitação física eram usadas na Grécia antiga com a finalidade de crescimento interior. O templo ao deus Asclépio – deus da medicina e da cura – era um grande santuário dentro do qual as pessoas se internavam para serem curadas de males físicos e psíquicos.
O princípio que regia tal reclusão era o de que quando estamos afastados de estímulos externos, voltamo-nos para nossas questões interiores. Esta alegoria está por detrás do isolamento de Cristo no deserto, por exemplo.
O isolamento é assustador, pois vivemos num mundo de exaltação da extroversão e das relações, porém, estas relações podem ocorrer em novos moldes.
Sempre que temos uma vivência muito intensa na consciência, ativam-se imediatamente conteúdos opostos complementares no inconsciente. Nossa psique funciona como um termostato que visa o equilíbrio.
Desta forma, mesmo isolados, ativamos, potencialmente, um momento complementar de comunicação e contato.
Sendo assim, podemos ressignificar este momento aproveitando a oportunidade de voltarmos mais para questões interiores e valorizarmos as relações pessoais que serão retomadas.
Nós vamos retornar, certamente, mas com cautela e no momento certo. Por hora, exploremos novas formas de contato na crença de um crescimento interior, um recomeço.
O mito da caixinha de Pandora descreve que, ao deixar escapar várias pragas no mundo por abrir a caixa proibida, Pandora a fechou a tempo de guardar dentro dela a ESPERANÇA.
Que tenhamos em nosso coração e nosso espírito uma caixinha de Pandora.
Nos veremos em breve: saudosos, esperançosos e muito, muito mais amadurecidos.
*Mônica Perri Greghi é docente do curso de Psicologia da FIB. Atua nas áreas de Psicologia Junguiana, Psicossomática e Psicoterapia Breve.