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Maior categoria na área da saúde, profissionais de Enfermagem são protagonistas no combate ao coronavírus

Maior categoria na área da saúde, profissionais de Enfermagem são protagonistas no combate ao coronavírus

Aluna de Enfermagem da FIB faz um relato dos desafios enfrentados na UTI de Covid do Hospital Estadual de Bauru.





Por Selma Miranda

Os enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem são peças-chave no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. A pluralidade de formação  os coloca  como protagonistas no combate à doença. A Enfermagem trata-se  da maior categoria profissional da Saúde, e a única que está 24 horas ao lado do paciente.  

Apesar do medo da contaminação e do ambiente de trabalho estressante,  os profissionais da Enfermagem se mantiveram firmes no compromisso de dedicar a vida profissional a serviço da humanidade, com respeito à dignidade e aos direitos da pessoa, exercendo a Enfermagem com consciência e fidelidade, conforme o juramento da profissão.

Na linha de frente, esses trabalhadores da saúde que lidam diretamente com a Covid-19 estão mais expostos. Em julho, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)  divulgaram  uma pesquisa que mostrou que as profissões mais registradas dentre os casos confirmados de Síndrome Gripal por Covid-19 foram técnicos e auxiliares de enfermagem (62.633), seguidos dos enfermeiros (26.555) e médicos (19.858). Também segundo o Cofen,  o Brasil responde por cerca de 30% das mortes de enfermeiros por Covid-19 no mundo.

Para entender os desafios enfrentados por estes profissionais, conversamos com a aluna do 5° ano do curso de Enfermagem das Faculdades Integradas de Bauru (FIB), Carla Fernanda de Campos Peixoto. Ela é técnica de Enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de Covid do  Hospital Estadual de Bauru (HEB).  Acompanhe.

***

 

FIB:  Como é a atuação da equipe de Enfermagem junto aos pacientes de Covid-19? O que vocês fazem?

Carla Fernanda Peixoto: Por se tratar de uma UTI, é dificil o contato verbal, pois a maioria vem muito debilitado , fadigado demais para conversar, com frequência respiratória bastante alta (o que chamamos de taquipneia). Como muitos pacientes são entubados logo, conhecemos pouco cada um deles. Isso deixa a enfermagem pouco mais distante da nossa realidade em outras épocas (antes da pandemia). Nós fazemos nosso melhor todos os dias , desde a higiene pessoal como banho, escovação dos dentes até a medicação, mudança de decúbito para evitar lesões , curativos , alimentação via dieta enteral e tudo mais que uma pessoa precisa para sobreviver .

 


Conte um pouco como tem sido essa experiência de trabalhar na UTI  de Covid. Quais desafios enfrentou? Teve medo?

CFP: Quando fomos trabalhar com a Covid,  foi tudo muito novo, não só para mim  mas para a equipe como um todo.  Afinal de contas, nossa área era cirúrgica. Tivemos muito medo, pensamos em desistir por medo de contaminar os nossos em casa, mas nos lembramos do quanto eles precisavam de nós dentro do hospital e do juramento que fizemos quando nos formamos.

Alguns colegas optaram por sair do setor, alguns pediram a conta e uma maioria ficou. Pouco tempo depois, nossa clínica de Covid virou uma UTI de retaguarda e  passamos a lidar diretamente com pacientes graves com elevado risco de morte .

Acho que o maior desafio foi superar a nós mesmos, com a crença de que não conseguiríamos tocar uma UTI. Em seguida, foi ver tantos óbitos em um período de tempo tao curto, ver histórias de famílias inteiras dentro de uma UTI, onde apenas um saía vivo. Isso foi difícil de aceitar.


Teve colegas de trabalho que pegaram a Covid?

CFP: Sim , inclusive nosso enfermeiro ficou bastante grave e quase foi entubado. A equipe inteira se desestabilizou pensando o pior. Mas graças a Deus ele está bem e recuperado. E sim, muitos colegas próximos pegaram e ainda estão pegando .


Qual a sensação ao ver um paciente recuperado?

CFP: De dever cumprido. Que mesmo em meio ao caos, nossas digitais não se apagam das vidas que tocamos. A sensação é a melhor do mundo- saber que o amor , o filho , o pai , a mãe , o irmão , o amigo de alguém está voltando para casa são e salvo. Isso não tem preço. É saber que nossa missão está sendo cumprida em meio às dificuldades  com nosso melhor .


E como lida com as perdas?

CFP: No começo foi muito difícil , inclusive perdi uma paciente nos meus braços falando comigo, chorei muito, me desestabilizeu demais, pensei em desistir . Mas lembrei daqueles que estavam lá e precisavam de mim e que eu fiz o melhor por ela naquele momento e que o tempo dela era aquele mesmo. Foram vários dias pra digerir tudo isso. Conversei muito com a psicóloga da unidade, com o médico responsável pelo atendimento imediato, minha enfermeira e colegas de trabalho.  Tudo isso me deu força e entendimento para saber que apesar de ser uma perda imensa, eu precisava estar firme para ajudar os demais que estavam ali ainda .

Por mais que aceitemos, a morte de um paciente não sai da nossa cabeça.

 

Passar por tudo isso foi uma "prova de fogo" (rs) para ter certeza que seguirá na carreira?

CFP: Sim, uma prova de fogo.  Costumo dizer que fomos à guerra sem munição e sobrevivemos dia após dia. Acho que quem realmente ama o que faz e se encontra verdadeiramente no perfil da Enfermagem se apega às coisas boas que podemos fazer mesmo em meio ao caos. Para mim, está sendo uma escola pessoal e profissional e, mais do que nunca, eu tenho a plena certeza que estou no caminho certo, trabalhando com o que eu amo  e consolidando minhas escolhas .

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Carla Fernanda Peixoto é técnica de Enfermagem no HEB.






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