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No Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, coordenadora de Farmácia da FIB alerta: " a automedicação pode mascarar sintomas de doenças, retardar e agravar diagnósticos"

Em artigo, a professora Rute Xavier de Moura também destaca que o aconselhamento indevido de um familiar ou amigo, quanto ao uso de remédios, trata-se de uma prática altamente perigosa.




Artigo


Por Rute Mendonça Xavier de Moura.
Professora e Coordenadora do Curso de Farmácia da FIB.


A data 05 de maio foi instituída pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) como o "Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos" para alertar e conscientizar a população sobre os riscos à saúde causados pelo uso indiscriminado de medicamentos, pela automedicação não assistida por um profissional habilitado (como médico, dentista e farmacêutico) e  também para ressaltar a importância do uso seguro e racional dos medicamentos.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso racional de medicamentos consiste na prática que deve ser aplicada a partir do recebimento do medicamento para atender as condições clínicas e individuais de cada paciente, em forma de uso e doses adequadas, que permitam promover, recuperar e manter o bem-estar de cada indivíduo e da sociedade.

A automedicação e o uso indiscriminado de medicamentos são fatores muito preocupantes, pois acarretam em potenciais danos para a saúde e possuem riscos inerentes, mesmo sendo consumidos como forma de autocuidado pela população.

Atualmente, pessoas em todo o mundo têm fácil acesso aos medicamentos, especialmente àqueles chamados isentos de prescrição (Medicamentos Isentos de Prescrição - MIPs), o que facilita a prática da automedicação e também do uso indiscriminado dos mesmos. Vale destacar que a automedicação pode mascarar sintomas de doenças, retardar e agravar diagnósticos, além de causar efeitos adversos indesejados, reações alérgicas e intoxicação.

No Brasil, segundo o CFF (2020), entre os anos de 2010 e 2017 foram notificados 565.271 casos de intoxicação. Destes, 298.976 tiveram o medicamento como agente tóxico mais frequente, correspondendo a 52,8% do total das ocorrências. A pesquisa demonstrou que entre os fatores relacionados à intoxicação por medicamentos se encontra automedicação, que é a segunda principal causa, sendo a primeira a intoxicação por agente medicamentoso ocasionado de forma acidental.

As informações utilizadas para o embasamento da pesquisa foram coletadas no site do DataSUS, a partir do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Os medicamentos intoxicaram mais que drogas de abuso, agrotóxicos agrícola e raticida, responsáveis por 88.686 (15,6%), 37.950 (6,71%), 34.027 (6,01%) dos casos respectivamente. As notificações com menor predominância foram  as dos cosméticos, com 7.751 (1,37%). Portanto, as consequências da automedicação podem implicar em um problema sério de saúde pública.


"Pode tomar, eu já tomei e funcionou". Os riscos da automedicação


Em todo o mundo, autoridades sanitárias estão preocupadas com o grave problema da automedicação fora das indicações e posologias aprovadas no registro. Segundo a OMS, um dos maiores problemas de saúde em contexto mundial é o uso irracional ou inadequado de medicamentos.

Em muitos casos, é comum a prescrição médica e a orientação farmacêutica serem substituídas por um aconselhamento indevido de um familiar ou amigo, prática altamente perigosa, pois o medicamento que serve para uma pessoa não necessariamente irá surtir efeitos benéficos e positivos em outra, cada indivíduo tem suas especificidades orgânicas.

Nós farmacêuticos temos um papel importante e fundamental nesse processo, garantindo que os pacientes tenham informações relevantes e verdadeiras quanto ao uso correto e seguro, forma de tomar, interações medicamentosas que podem ocorrer com outros medicamentos, fitoterápicos ou plantas medicinais e alimentos, riscos de reações adversas e dos perigos da administração demasiada destes.

O farmacêutico é o profissional que está diretamente envolvido com os medicamentos desde a sua manipulação na farmácia magistral, no controle e qualidade de etapas na indústria, na orientação e dispensação do medicamento no estabelecimento de saúde do setor público e privado como nos Hospitais, Drogarias, Farmácias de Manipulação, Unidades Básicas de Saúde (UBS) e de Assistência Farmacêutica (UAF).

A dispensação de medicamentos orientada pelo farmacêutico visa a garantir a eficácia e a segurança da terapêutica prescrita, observar os aspectos técnicos e legais do receituário. Portanto, as farmácias públicas e privadas, como estabelecimentos de saúde, de fácil acesso e que contam com a presença do farmacêutico em período integral, contribuem para o acesso seguro ao medicamento, todas as orientações de utilização destes que podem contribuir para a prevenção, promoção e recuperação da saúde.  

Nessa época de pandemia, há muitas notícias falsas, as chamadas fake news, circulando por aí sobre o uso de medicamentos para prevenir a Covid-19. Não seja uma vítima dessas informações falsas. Não faça a ingestão de medicamentos sem a expressa recomendação médica ou orientação de um profissional habilitado, ações que podem deixar sua saúde vulnerável.

Os medicamentos são essenciais quando utilizados adequadamente para o tratamento de doenças. A ingestão ou aplicação de medicamentos sem o acompanhamento adequado, cautela e rigor se torna um sério risco à saúde do paciente, capaz de ocasionar graves reações, inclusive, óbitos.  Todo medicamento pode causar uma reação adversa, tanto o prescrito em receita médica, quanto os isentos de prescrição (CFF, 2021).

Assim, os medicamentos interferem na qualidade de vida da população e são importantes nos tratamentos das doenças, desde que utilizados e/ou aplicados de maneira correta e com critérios. Associar a terapia medicamentosa com hábitos de vida saudável, uma dieta balanceada e atividades físicas podem proporcionar o sucesso da mesma para a recuperação e bem-estar do indivíduo.

 

Dicas para o Uso Racional e Seguro dos Medicamentos:

-Receber o medicamento para as condições clínicas em doses adequadas às necessidades individuais de cada paciente, por um período;

-Seguir criteriosamente a prescrição médica e as orientações do farmacêutico quanto aos cuidados na utilização do medicamento;

-Obedecer aos horários de tomada dos medicamentos;

-Não associar o uso de medicamentos com outros, incluindo os MIPs e os fitoterápicos, sem que seja do conhecimento prévio do seu médico;

-Procurar sempre tomar os medicamentos com água ou conforme a orientação do médico ou farmacêutico;

-Estar sempre atento à data de validade dos medicamentos;

-Manter os medicamentos em locais seguros e longe do alcance de crianças e animais de estimação;

-Manter a bula sempre junto com o medicamento, para que em casos de dúvidas sobre as reações adversas ou efeitos colaterais possa consultá-la.


Cuidado com as reações alérgicas

O consumo de medicamentos de forma indiscriminada, por exemplo, pode levar ao aparecimento de diversas reações alérgicas. A alergia a medicamentos pode ser desencadeada pela predisposição genética, mas outros fatores também influenciam essa condição, como a via de administração, a quantidade ministrada e a regularidade. Muitas pessoas acham que poderão ter alergia por medicamento que nunca usaram.

No entanto, normalmente, as reações alérgicas podem ocorrer com um medicamento que é usado frequentemente e irregularmente. Os medicamentos campeões dessa condição são os analgésicos e anti-inflamatórios, comuns por serem usados sem prescrição. Os sintomas que a reação alérgica pode causar vão desde reações na pele (urticária) à reação anafilática, podendo levar à morte. (Jornal da USP, 2019).


   Professora Rute Xavier de Moura, coordenadora do curso de Farmácia da FIB.


(14) 2109-6200 (GRADUAÇÃO e PÓS-GRADUAÇÂO)
(14) 2109-6200
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