Todo brasileiro acostumado a fazer compras de alimentos, com certeza deve ter notado o aumento expressivo no preço das proteínas de origem animal (carnes, ovos e laticínios).
O aumento acumulado no preço de carnes, pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), chegou a 69,9% entre janeiro de 2019 e agosto de 2021, mesmo o Brasil sendo um dos mais importantes produtores de carne bovina no mundo.
A consequência dessa alta nos preço foi a redução no consumo desses produtos. Um levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) que mostra que o consumo médio de carne bovina em 2021 é o menor dos últimos 25 anos.
Mas por que esses produtos estão tão caros?
Nós conversamos sobre esse assunto com a profa. Marina Lais Sabião de Toledo Piza, mestra em Zootecnia e docente do curso de Agronomia das Faculdades Integradas de Bauru (FIB) nas disciplina de Produção de Animais e de Tecnologia de Produtos de Origem Animal.
De acordo com a especialista, o aumento do preço do milho e do farelo de soja foi um dos fatores que contribuiu para a alta dos preços das proteínas de origem animal, já que a alimentação é responsável por cerca de 70% dos custos de uma produção. Uma ração balanceada, que garante o crescimento e a produtividade dos animais é composta, em sua maioria, por milho e farelo de soja.
“Esses dois grãos tiveram aumento significativo em seus preços no mercado devido, entre outros fatores, à alta do dólar. Além disso, a subida no preço das embalagens, da energia elétrica e do combustível, insumos que fazem parte da cadeia produtiva de proteína animal, também afeta este importante setor do agronegócio”, explica a docente.
O efeito cascata não demorou a aparecer. A alta no preço da carne bovina fez com que os consumidores procurassem fontes de proteína animal mais acessíveis. Com isso, o ovo, o frango, e também a carne suína foram as alternativas escolhidas. A alta demanda por essas proteínas foi o fator responsável pelo aumento de seus preços.
Sobre os preços das proteínas de origem animal para o ano que vem, a docente é cautelosa: “ Concordo com os especialistas quando dizem que o mercado de proteína animal será incerto em 2022, assim como foi em 2021. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) prevê aumento da exportação de aves e suínos para 2022, e isso pode impactar negativamente no preço desses produtos internamente. A oscilação no preço dos grãos e as consequências geradas pela pandemia da Covid-19 podem continuar interferindo neste setor agropecuário”, pondera Marina.
Os macronutrientes são os nutrientes dos quais o organismo precisa em grandes quantidades e que são amplamente encontrados nos alimentos. São eles os carboidratos, as gorduras e as proteínas . Mas um detalhe é importante destacar: o corpo não armazena proteínas como outros macronutrientes, então essa proteína tem ser reposta de forma constante por meio da alimentação.
De acordo com o Ministério da Saúde, as proteínas são componentes necessários para o crescimento, construção e reparação dos tecidos do nosso corpo. Elas entram na constituição de qualquer célula, sejam células nervosas no cérebro, células sangüíneas ( hemácias), células dos músculos, coração, fígado, das glândulas produtoras de hormônio ou quaisquer outras. Elas também fazem parte da composição dos anticorpos do sistema imunológico corporal, participam ativamente de inúmeros processos metabólicos e de muitas outras funções do corpo. Quando necessário, as proteínas são convertidas em glicose para fornecer energia.
A proteína pode ser proveniente de fontes alimentares animais ou vegetais. As proteínas de origem animal fornecem aminoácidos de alto valor biológico. Ou seja, é uma proteína completa porque contém todos os aminoácidos essenciais em quantidades e proporções ideais para responder às necessidades do nosso organismo.
Já as proteínas vegetais são encontradas em alimentos de origem vegetal. Mas a maioria delas é incompleta, o que significa que falta pelo menos um dos aminoácidos essenciais às necessidades do corpo.
Sobre possibilidades de trocas saudáveis, neste cenário de aumento dos preços das proteínas de origem animal, a profa. Tais Baddo, docente do curso de Nutrição da FIB, explica que é possível investir na proteína de soja e nas leguminosas- como lentilha, feijão, grão de bico, tofu e cogumelos. “Momentaneamente, por essa questão do custo, com um arroz, feijão, legume cozido, salada crua e uma boa salada de grão de bico é possível ofertar um pouco mais de proteína sem depender das carnes. Com um bom planejamento nutricional é possível fazer algumas substituições”, explica a docente.
Carne bovina; Carne de frango; Carne suína;
Iogurte; Leite; Ovos;
Peixes e Queijos em geral.
Aveia; Brócolis; Ervilha;
Feijão; Grão-de-bico; Lentilha;
Linhaça; Nozes; Quinoa;
Semente de chia; Soja; Tofu.